Espetáculo reunirá 50 dançarinas, de 53 a 78 anos, alunas de projeto Reabilitação e Ballet, de promoção à saúde e combate ao etarismo
Cinquenta bailarinas, a mais nova delas com 53 anos de idade e a mais velha, com 78, vão subir ao palco do Teatro Feluma, em Belo Horizonte, no dia 28 de junho, para apresentar o espetáculo “Ecos femininos: Um tributo às suas pluralidades”. As dançarinas integram o projeto Reabilitação e Ballet, criado pela fisioterapeuta e bailarina Meiry de Paula, que busca levar saúde física e emocional às mulheres 50+ por meio da dança, além de ajudar no combate ao etarismo. As mulheres irão encenar 17 coreografias inéditas de samba, forró, jazz e dança contemporânea, ao som de vozes femininas que marcaram gerações, entre elas Elza Soares, Rita Lee, Elis Regina e Vanusa.
O espetáculo pode ser visto em duas sessões, uma às 15 horas e outra, às 19. A entrada para cada sessão custa R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia). Os ingressos podem ser adquiridos no Instagram na página @reabilitacaoeballet ou na plataforma Sympla. Este é o quarto espetáculo do projeto Reabilitação e Ballet, que começou em 2018, depois de Meiry de Paula trabalhar como fisioterapeuta em uma clínica de ortopedia em Belo Horizonte. Paralelamente, ela dava aulas de balé para crianças e jovens surdas, autistas e em necessidades especiais.
“Tive então a ideia de unir dança e fisioterapia na criação de um método de balé exclusivo para pessoas idosas e de preferência mulheres. “Para mim, o homem já tem muita oportunidade nesse mundo”, considera.
Diferentemente do balé tradicional, o Reabilitação e Ballet adapta os movimentos às necessidades físicas e capacidades das alunas da terceira idade. O método respeita as limitações naturais do corpo que vai envelhecendo, ao mesmo tempo que estimula força, flexibilidade, além de melhorar marcha, coordenação, equilíbrio etc. Sobre o fato de escolher o público de mulheres maduras, ela diz que desde de criança teve afeição aos mais velhos. “Nas clínicas onde trabalhei como fisioterapeuta, os idosos demonstravam por mim preferência clara, e eu sentia também um vínculo profundo com eles, era como se fosse o meu propósito manter aquela proximidade”, lembra.
O balé, na visão da fisioterapeuta e bailarina, facilita a inclusão de pessoas idosas na sociedade, contribui para a quebra do preconceito, para a superação de limites, melhora da auto-estima e da autoconfiança, além de auxiliar no tratamento de questões associadas ao processo de envelhecimento. “Muitas alunas que fazem parte do projeto hoje me procuraram devido à depressão. A dança estimula os hormônios da felicidade”, afirma, lembrando que as aulas funcionam também como um espaço de interação social. “Elas fazem novas amizades, dividem as alegrias e angústias no convívio”.
Perfil das alunas
Meiry diz que tem poucas alunas de classe social alta, a maioria é de classes média e baixa, moradoras de Belo Horizonte, Contagem, Betim e Venda Nova.
Desconstrução de estereótipos
Levar as mulheres 50+ aos palcos, para Meiry, é uma forma de contribuir para o combate ao etarismo. “O palco é um espaço simbólico de visibilidade e valorização. Durante muito tempo, a dança, especialmente o balé, foi associada à juventude, flexibilidade e padrões estéticos. Quando mulheres com mais de 50, 60 e 70 anos ocupam esse espaço com graça, força, expressão e autonomia, elas desafiam o estereótipo de que envelhecer é sinônimo de declínio e inutilidade. Assim como a arte tem o poder de transformar vidas, ela é capaz de transformar olhares e tocar a alma de uma pessoa”, garante.
Meiry de Paula diz que a cada ano os espetáculos do projeto ficam “mais lindos e emocionantes”. “Tenho certeza que “Ecos femininos: Um tributo às suas pluralidades” dará o que falar, vai emocionar”, espera, lembrando que escolheu esse tema por acreditar que cada mulher carrega em si uma multiplicidade de vozes, experiências e histórias. “A palavra ecos remete à ideia de que nenhuma vivência feminina é isolada”.
Sobre Meiry de Paula
Nascida em uma família humilde de uma pequena cidade da Zona da Mata Mineira, Meiry de Paula mudou-se para Belo Horizonte em 1990. Na época, nem pensava em ser bailarina, mas depois de se envolver com o trabalho da irmã, a também bailarina Wilmára Marliére de Paula, criadora do projeto Céu e Terra, que oferece aulas de balé para crianças surdas, mudas e cegas, em BH, encantou-se vez pela dança. Aprendeu balé com a irmã e passou a ensinar as crianças também. Até hoje dá aulas aos jovens, que a levou a escrever o livro “Desvendando os mistérios do silêncio”, lançado em 2024. Formou-se em Fisioterapia e atuou em uma clínica de ortopedia de Belo Horizonte. Hoje desenvolve também o projeto Reabilitação e Ballet.
“Eu faço 62 anos neste mês de junho, ou seja, eu também sou uma mulher idosa e uma mulher idosa que de certa forma está empoderando outras da mesma faixa etária. E isso pra mim é fantástico, me sinto forte, vitoriosa e muito feliz por ser a protagonista de um trabalho que ensina, valoriza e contribui para a melhora da qualidade de vida de tantas mulheres”, declara Meiry de Paula.
Serviço:
Espetáculo: “Ecos femininos: Um tributo às suas pluralidades”
Dia: 28 de junho
1ª Sessão: 15 horas
2ª Sessão: 19 horas
Local: TEATRO FELUMA - Alameda Ezequiel Dias, 275, Belo Horizonte (MG)
Ingressos: R$ 60 (inteira) R$ 30 (meia)
Onde comprar: Instagram @reabilitacao e ballet ou na plataforma Sympla.