Para o coordenador geral do Tambaba Open de Surfe Nu, Carlos Santiago, o surfe complementa a busca de liberdade e contato com a natureza do naturismo

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A cultura naturista defende a liberdade e a interação do ser humano com o meio ambiente à sua volta. Pensando nisso e considerando que o surfe tem princípios parecidos com os do naturismo, um grupo de naturistas da Paraíba decidiu realizar uma competição de surfe naturista. Os coordenadores do Movimento Nu, no Litoral Sul do Estado, estão realizando neste fim de semana a sétima edição do Tambaba Open de Surfe Nu, na praia naturista de Tambaba, com a proposta de dar visibilidade à causa dos naturistas através do esporte.
O Tambaba Open de Surfe Nu aconteceu a primeira vez em 2008, durante um congresso internacional de naturismo, que aconteceu na praia de Tambaba. De acordo com o coordenador do torneio, Carlos Santiago, a primeira edição teve a participação de 20 atletas e a maioria deles estavam participando do evento. Desde então, o evento esportivo acontece todos os anos e sempre no mês de setembro.
- A ideia do Tambaba Open é juntar duas filosofias que pregam a liberdade e o contato com a natureza. Na primeira vez que fizemos, tivemos um número bom de competidores, mas a maioria deles eram turistas que estavam participando do congresso de naturismo. Nos últimos anos, a participação dos paraibanos aumentou e a nossa média agora é de 40 atletas por edição. Nós escolhemos o surfe, pois ele tem uma afinidade muito grande com a nossa ideologia - contou Carlos Santiago.
Seis anos já se passaram desde a primeira vez que o Tambaba Open de Surfe Nu foi realizado e os organizadores incrementaram ainda mais o projeto com escolinhas de surfe. As aulas são ministradas pelo fotógrafo e surfista Linho Neto, durante todo o ano, para turistas e frequentadores da praia do Litoral Sul e pessoas de várias idades podem participar.
A coordenação até incentiva a participação de crianças nas escolinhas e no campeonato de surfe. Para Carlos Santiago, a cultura naturista fala sobre família e convivência pacífica com a natureza e, portanto, a participação dos jovens é fundamental para o movimento.
- Nossa filosofia de vida é a família e por isso a criança também tem que estar presente nos nossos eventos. O trabalho é focado na família naturista. Queremos mostrar a família naturista vivendo o cotidiano. Queremos mostrar nossa filosofia de vida em várias ações, o nosso cotidiano, o esporte, o trabalho e gente que vive do naturismo - disse o coordenador geral do Surfe Nu.
Circuito brasileiro de surfe nu
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Atualmente, apenas as praias de Tambaba, na Paraíba, e do Pinho, em Santa Catarina, realizam suas competições com regularidade. Mas, segundo Carlos Santiago, a intenção é criar um circuito de surfe nu que englobe todas as praias nudistas brasileiras. O coordenador do Tambaba Open afirmou que já levou o projeto para a Federação Brasileira de Naturismo e eles são favoráveis ao projeto.
- Se o circuito for feito, vai chamar mais participantes para a causa. A praia do Pinho, em Santa Catarina, também sempre faz o seu torneio. E atualmente só eles e nós já realizamos competições de surfe regularmente. Mas já é uma semente. Estamos querendo que outras praias naturistas possam fazer a competição. Estamos conversando com o pessoal do Espírito Santo também. Estamos incentivando para desenvolver o projeto ainda mais - disse Carlos Santiago.
Além de professor da escolinha de surfe nu, Linho Neto é um dos competidores do Tambaba Open desde a primeira edição da competição. O surfista também é a favor da criação de circuito de surfe naturista no Brasil. Linho Neto já venceu a competição naturista na praia paraibana em duas ocasiões: 2008 e 2009.
O atleta, de 46 anos, também conquistou alguns títulos na categoria master, mas na modalidade vestida do surfe. Em 2012, ele ficou com o vice-campeonato internacional de surfe na categoria super master.
- A ideia do pessoal é fazer um circuito e isso vai ser muito bom para quem pratica. Hoje eu me dedico mais a ensinar na escolinha. Mas é bom que outras praias de naturismo possam fazer uma competição para divulgar a causa. Eu não vejo diferença entre surfar nu ou vestido. A cultura que vivemos hoje não foi feita para você andar nu, mas quando você chega na praia e vê todo mundo vivendo em paz consigo e com os outros, percebe que não andar nu é apenas uma barreira da sua cabeça - disse Linho Neto.
Nudismo e outras modalidades esportivas
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O Tambaba Open de Surfe Nu é a única competição realizada pelo Movimento Nu. Mas não é o único esporte praticado pelos naturistas na Paraíba. Na sede da Associação Naturista Paraibana, a chácara Território Macuxi, os praticantes do naturismo podem participar de caminhadas ecológicas, corridas de caiaques, corridas organizadas pela coordenação do movimento, jogar vôlei e futebol.
- Nosso foco principal tem sido o surfe e nos últimos anos temos organizado a competição sempre no mês de setembro. Mas na sede praticamos outros tipos de atividade que envolvem esportes. Nossa cultura tem a ver com liberdade e praticar esportes nos ajuda a fazer isso - contou Carlos Santiago.
O dono da chácara Território Macuxi, Julindo Macuxi, disse também que o contato com a natureza é uma das partes mais importantes das caminhadas ecológicas feitas na localidade.
- Na caminhada ecológica, os participantes podem tomar banho de argila, andar na mata, subir em um cajueiro que temos aqui e tomar banho no rio. Os passeios de caiaque são um dos mais procurados também. Nós recebemos todo tipo de visitação aqui. É só marcar conosco e vir - afirmou Julindo Macuxi.
Por Larissa Keren  de João Pessoa 
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